A dermatite atópica (DA) é uma doença inflamatória crônica da pele que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, especialmente crianças. Caracteriza-se por pele seca, com coceira e feridas, com interferência no ciclo de sono. Embora a DA não tenha cura, existem várias estratégias que podem ajudar a controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes e de sua família..
Neste artigo, a Dra. Clarissa Prati, dermatologista com vasta experiência em DA, abordará as principais estratégias para o controle a longo prazo da doença.
1. Cuidados com a Pele
Hidratação: A hidratação regular e diária é fundamental para o tratamento da DA, pois ajuda a restaurar a barreira cutânea e reduzir a inflamação. Recomenda-se o uso de hidratantes emolientes todos os dias após o banho - eles também podem ser utilizados para alívio imediato da coceira, quantas vezes forem necessárias.
Banhos: Banhos o mais rápidos possível, com água morna (não quente) são recomendados. Evite sabonetes abrasivos ou ainda antissépticos (a não ser quando indicados) e use produtos de limpeza suaves e sem fragrâncias (syndets são ideiais).
Secagem: Seque a pele suavemente com uma toalha macia, sem esfregar. Este é o momento de aplicar o hidratante - dica: mantenha o frasco já dentro do banheiro, próximo de você.
Roupas: Evitando tecidos sintéticos, remova etiquetas e revise as costuras, que podem aranhar sua pele, sendo gatilho para a coceira.
2. Controle do Prurido (ou coceira)
O prurido é um dos sintomas mais incômodos da DA. A partir dele, há um ciclo de escarificar (machucar) e pele e induzir mais inflamação, com piora do quadro, em um ciclo que se retroalimenta.
Reduza o trauma ao coçar: Mantenha as unhas curtas e aparadas para evitar arranhões. Não use adereços para coçar. Se puder, use as palmas das mãos para aliviar o sintoma (ensine seus filhos sobre isso - preparei um vídeo para você ver!)
Cremes e pomadas: Existem diversos cremes e pomadas com propriedades anti-inflamatórias e antipruriginosas que podem ser utilizados para aliviar o prurido (corticoesteróides e imunomoduladores). Consulte um Dermatologista para obter orientação sobre o tratamento mais adequado para você e organize com ele também a fase de manutenção do seu quadro.
Terapia de Luz: A fototerapia, que utiliza radiação ultravioleta (UV) de baixa dose, pode ser eficaz para o controle do prurido em alguns casos.
Medicamentos sistêmicos: imunossupressores, imunobiológicos e inibidores de janus quinase podem ser utilizados em certos casos (ou em alguns momentos na história da doença…). Não deixe de esclarecer as dúvidas com o seu Dermatologista.
3. Identificação e manejo dos Gatilhos
Gatilhos: Fatores como ácaros, poeira, pólen, mudanças climáticas, produtos químicos e fragrâncias podem desencadear ou piorar os sintomas da DA. É importante identificar os gatilhos específicos para cada indivíduo e tomar medidas para evitá-los.
Medidas de Prevenção:
•Mantenha a casa limpa e livre de poeira e ácaros.
•Use capas antialérgicas em colchões e travesseiros.
•Lave as roupas com frequência e use detergentes suaves - sem amaciantes.
•Evite produtos com fragrâncias.
•Controle a temperatura e a umidade da casa.
4. Manejo do Estresse
O estresse pode agravar os sintomas da DA. Técnicas de relaxamento como yoga, meditação e respiração profunda podem ajudar a controlar o estresse e melhorar a qualidade de vida. Faça atividades físicas regulares. Trate a ansiedade com medicamentos se forem indicados.
5. Tratamento Medicamentoso
Conforme comentado, alguns casos precisam de medicamentos para controlar os sintomas da DA - tanto nas crises quanto na manutenção. Os medicamentos tópicos mais comumente utilizados são os corticosteroides e os inibidores da calcineurina. Em casos mais graves, podem ser necessários medicamentos orais (imunossupressores, imunobiológicos e inibidores de janus quinase).
É importante consultar um dermatologista para obter um diagnóstico preciso e individualizado e discutir as opções de tratamento mais adequadas para cada caso.
Conclusão
A dermatite atópica é uma doença crônica que requer cuidados contínuos. No entanto, com o tratamento adequado e a implementação de estratégias de controle a longo prazo, é possível reduzir os sintomas e melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
